Apostas crescem para a escolha do sucessor do papa Francisco
Mendes Aguiar
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A morte do Papa Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, não apenas reconfigurou os rumos do Vaticano como também desencadeou um fenômeno curioso: o crescimento vertiginoso das apostas online em torno da escolha de seu sucessor. Estima-se que esse mercado específico ultrapasse os R$ 100 milhões até a conclusão do conclave, marcado para começar no próximo dia 7 de maio.
A sucessão papal, conduzida sob sigilo absoluto por cardeais reunidos no Vaticano, se tornou um dos eventos mais rentáveis para plataformas de apostas globais. A raridade do conclave e a ausência de critérios objetivos claros tornam a escolha altamente especulativa, criando um terreno fértil para os apostadores. A plataforma descentralizada Polymarket, por exemplo, registrou movimentações de mais de US$ 12 milhões (cerca de R$ 68,6 milhões) até o início de maio, mais do que o dobro do volume observado poucos dias após o falecimento do pontífice.
A disputa pelo papado hoje se apresenta mais fragmentada do que nunca. O italiano Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano, lidera as apostas com 23% de probabilidade, seguido pelo cardeal filipino Luis Antonio Tagle, com 19%. Ambos, no entanto, apresentaram queda significativa nas previsões em relação à semana anterior, o que reflete a instabilidade do cenário. Outros nomes que ganham força incluem Peter Turkson (Gana), Matteo Zuppi (Itália), Péter Erdõ (Hungria) e Pierbattista Pizzaballa (Itália).
“Trata-se de uma aplicação matemática complexa que considera fatores históricos, geopolíticos, etários e até o estado de saúde dos candidatos”, explica Ricardo Magri, especialista em iGaming com passagem pela Sportradar. Ele destaca que as ‘odds’ (probabilidades) são ajustadas em tempo real com base em qualquer informação de domínio público que possa impactar a decisão final dos cardeais.
Apesar do crescimento desse tipo de aposta em casas como Betfair, Unibet e a própria Polymarket, o mercado brasileiro está fora dessa equação. Desde janeiro de 2025, a Lei nº 14.790 regulamentou o setor no país, restringindo as apostas legais a dois tipos: eventos esportivos de resultado real e jogos virtuais de sorte. Apostas em eventos políticos ou religiosos, como o conclave papal, seguem proibidas.
O fenômeno revela não apenas o alcance global da Igreja Católica como também sua relevância no universo dos jogos de azar, uma combinação improvável, mas que hoje movimenta milhões.